Isaías
(Is)
Escritor: Isaías.
Tema: Juízo e Salvação.
Lugar da Escrita: Jerusalém.
Escrita Completada: Depois de 700 aC.
A Sombra ameaçadora do cruel monarca assírio pairava densamente sobre os
outros impérios e reinos menores do Oriente Médio. Toda a área estava
agitada com conversas sobre conspiração e confederação. (Is.8:9-13) No
Norte, o Israel apóstata logo seria vítima dessa intriga internacional,
ao passo que no Sul, os reis de Judá reinavam precariamente.
(2Reis,caps.15-21) Novas armas de guerra vinham sendo desenvolvidas e
postas em uso, aumentando o terror dos tempos. (2Cr.26:14,15) Para onde
era preciso voltar-se em busca de proteção e salvação? Embora o nome de
Deus estivesse nos lábios do povo e dos sacerdotes no pequeno reino de
Judá, seu coração se desviara para outras direções, primeiro para a
Assíria e depois para o Egito. (2Reis.16:7; 18:21) Desvanecia a fé no
poder de Deus. Quando não se tratava de crassa idolatria, prevalecia o
modo hipócrita de adorar, baseado no formalismo e não no verdadeiro
temor de Deus.
Quem falaria então a favor de Deus? Quem declararia o seu poder de
salvar? “Eis-me aqui! Envia-me”, foi a resposta imediata. Quem falava
era Isaías, que já vinha profetizando antes disso. Era cerca de 740 aC,
ano em que o leproso Rei Uzias morreu. (Is.6:1,8) O nome Isaías
significa “Salvação de Jeová", que é o mesmo significado, embora escrito
em ordem inversa, do nome Jesus (“Jeová É Salvação”). Desde o início até
o fim, a profecia de Isaías sublinha este fato: que Deus é salvação.
Isaías era filho de Amoz (não deve ser confundido com Amós, outro
profeta de Judá). (1:1) As Escrituras não dizem nada sobre o nascimento
e a morte dele, embora a tradição judaica diga que ele foi serrado em
pedaços por ordem do iníquo Rei Manassés. (Compare com Hebreus.11:37.)
Seus escritos mostram que residia em Jerusalém com a esposa, uma
profetisa, e com pelo menos dois filhos que tinham nomes proféticos.
(Isa.7:3; 8:1, 3) Serviu durante o tempo de pelo menos quatro reis de
Judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias; evidentemente começando por volta
de 740 aC (quando Uzias morreu, ou possivelmente antes disso) e
continuando pelo menos até depois de 680 aC (o 14° ano de Ezequias), ou
não menos que 46 anos. Já havia também assentado por escrito, sem
nenhuma dúvida, a sua profecia por volta desta última data. (1:1; 6:1;
36:1) Outros profetas dos seus dias eram Miquéias, em Judá, e, ao norte,
Oséias e Odede. Miq. 1:1; Osé. 1:1; 2 Crô. 28:6-9.
Que Deus ordenou a Isaías que assentasse por escrito os julgamentos
proféticos, é provado por Isaías 30:8: “Agora, vem, escreve isso numa
tábua, com eles, e inscreve-o até mesmo num livro, a fim de que sirva
para um dia futuro, como testemunho por tempo indefinido.” Os antigos
rabinos judeus reconheciam a Isaías como escritor desse livro que
classificaram como o primeiro livro dos profetas maiores (Isaías,
Jeremias e Ezequiel).
Embora alguns argumentem que a mudança de estilo do livro, a partir do
capítulo 40, indique que um outro escritor ou um “Segundo Isaías”
redigiu essa parte, a mudança do assunto devia ser suficiente para
explicar isto. Há muita evidência de que Isaías escreveu o livro inteiro
que leva o seu nome. Por exemplo, a unidade do livro é indicada pela
expressão “o Santo de Israel”, que aparece 12 vezes nos capítulos 1 a
39, e 13 vezes nos capítulos 40 a 66, um total de 25 vezes; ao passo que
essa expressão aparece apenas 6 vezes em todo o restante das Escrituras
Hebraicas. O apóstolo Paulo testifica também em favor da unidade do
livro, citando de todas as partes da profecia e atribuindo a obra
inteira a um só escritor, Isaías. Compare Romanos 10:16, 20;15:12 com
Isaías 53:1; 65:1; 11:1.
É interessante notar que a partir do ano de 1947 alguns documentos
antigos foram tirados da escuridão de grutas não longe de Khirbet Qumran,
perto do litoral noroeste do mar Morto. Trata-se dos Rolos do Mar Morto,
que continham a profecia de Isaías. Ela está belamente escrita em bem
conservado hebraico pré-massorético, e tem uns 2.000 anos de idade,
datando do fim do segundo século aC. O seu texto é, pois, cerca de mil
anos mais antigo do que o mais antigo manuscrito existente do texto
massorético, em que se baseiam as traduções modernas das Escrituras
Hebraicas. Há algumas variações pequenas de grafia, algumas diferenças
na construção gramatical, mas não divergem do texto massorético quanto a
doutrinas. Eis uma prova convincente de que as nossas Bíblias hoje
contêm a mensagem inspirada, original, redigida por Isaías. Outrossim,
estes antigos rolos refutam a teoria dos críticos quanto a haver dois
“Isaías”, visto que a primeira frase do capítulo 40 começa na última
linha da coluna que contém o capítulo 39 e termina no começo da coluna
seguinte. Assim, é evidente que o copista não levou em conta uma suposta
mudança de escritor ou qualquer divisão do livro neste ponto.
Há prova abundante da autenticidade do livro de Isaías. Além de Moisés,
não há outro profeta que seja citado com mais freqüência pelos
escritores cristãos da Bíblia. Há também uma abundância de evidências na
história e na arqueologia que provam que o livro é genuíno, tais como as
narrativas históricas dos monarcas assírios, também o prisma hexagonal
de Senaqueribe, no qual ele faz seu próprio relato sobre o sítio de
Jerusalém. (Isa., caps. 36, 37) O montão de ruínas daquilo que foi
outrora Babilônia ainda constitui um testemunho do cumprimento de Isaías
13:17-22. Um testemunho vivo foi fornecido pelos milhares de judeus que
voltaram de Babilônia, sendo libertados pelo rei, cujo nome, Ciro,
Isaías revelara por escrito quase 200 anos antes. É bem provável que
este escrito profético tenha sido mostrado mais tarde a Ciro, pois, ao
libertar o restante judeu, ele declarou que foi Deus que lhe confiou
essa missão. Is. 44:28; 45:1; Ed 1:1-3.
São realmente notáveis no livro de Isaías as profecias messiânicas.
Isaías é chamado “o profeta evangelista”, em razão de serem tantas as
predições sobre os eventos da vida de Jesus que se cumpriram. O capítulo
53, que por muito tempo fora um “capítulo enigmático”, não só para o
eunuco etíope, mencionado em Atos, capítulo 8, mas também para o povo
judeu em geral, prediz tão vividamente o modo como Jesus seria tratado
que parece narrativa de uma testemunha ocular. As Escrituras Gregas
Cristãs relatam os cumprimentos proféticos deste notável capítulo de
Isaías, conforme mostram as seguintes comparações: Is 53:1; João
12:37,38; Isa 53:2; João 19:5-7; Is 53:3; Marcos 9:12; Is 53:4; Mateus
8:16, 17; Is 53: v. 5;1 Pedro 2:24; Is 53:6; 1Pedro 2:25; Is 53:7; Atos
8:32, 35; Is 53:8; Atos 8:33; Is 53:9; Mateus 27:57-60; Is 53:10;
Hebreus 7:27; Is 53:11; Romanos 5:18; Is 53:12; Lucas 22:37. Quem senão
Deus poderia ser a fonte dessas predições tão exatas?
CONTEÚDO DE ISAÍAS
Os seis primeiros capítulos 1-6, descrevem as condições que existiam em
Judá e em Jerusalém, expondo o pecado de Judá perante Deus, e relatam o
comissionamento de Isaías. Os Isa. capítulos 7 a 12 falam das ameaças de
invasões por parte do inimigo e a promessa de libertação por meio do
Príncipe da Paz comissionado por Deus. Os capítulos 13 a 35 contêm uma
série de pronúncias contra muitas nações e predizem que a salvação virá
de Deus. Os eventos históricos do reinado de Ezequias são descritos nos
capítulos 36 a 39. Os capítulos remanescentes, caps. 40 a 66, têm como
tema a libertação do cativeiro em Babilônia, o retorno do restante judeu
e a restauração de Sião.
A mensagem de Isaías “referente a Judá e Jerusalém” (1:1-6:13).
Imagine-o ali, de pé em Jerusalém, vestido de serapilheira e calçado de
sandálias, bradando: Ditadores! Povo! Ouvi! A vossa nação está enferma
dos pés à cabeça, e cansastes a Deus com as vossas mãos manchadas de
sangue, erguidas em oração. Vinde, endireitai as coisas com ele, para
que os pecados escarlates fiquem brancos como a neve. Na parte final dos
dias, o monte da casa de Deus será elevado, e todas as nações afluirão a
ele em busca de instrução. Não mais aprenderão a guerra. Deus será
elevado nas alturas e santificado. Mas, atualmente, Israel e Judá,
embora plantados como videira seleta, produzem uvas de anarquia. Fazem
com que o que é bom seja mau e o que é mau seja bom, pois são sábios aos
seus próprios olhos.
“Eu, no entanto, cheguei a ver Deus sentado num trono enaltecido e
elevado”, diz Isaías. Juntamente com a visão vem a comissão de Deus:
“Vai, e tens de dizer a este povo: ‘Ouvi vez após vez.’” Por quanto
tempo? “Até que as cidades realmente se desmoronem em ruínas.” 6:1,9,11.
Ameaças de invasões inimigas e promessa de alívio (7:1-12:6).
Deus usa Isaías e seus filhos como ‘sinais e milagres’ proféticos para
mostrar que primeiro fracassará o conluio da Síria e de Israel contra
Judá, mas, com o tempo, Judá será levado ao cativeiro, e apenas um
restante retornará. Uma donzela ficará grávida e dará à luz um filho.
Seu nome? Emanuel (que significa: “Conosco Está Deus”). Que os inimigos
combinados contra Judá prestem atenção! “Cingi-vos, e sede
desbaratados!” Haverá tempos difíceis, mas depois uma grande luz
brilhará sobre o povo de Deus. Pois um menino nos nasceu, “e será
chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno,
Príncipe da Paz”. 7:14; 8:9, 18; 9:6.
“Ah! o assírio”, clama Deus, “a vara para a minha ira”. Depois de usar a
vara contra “uma nação apóstata”, Deus abaterá o próprio insolente
assírio. Mais tarde, “um mero restante retornará”. (10:5, 6, 21) Eis
agora um rebentão, um renovo da raiz de Jessé (pai de Davi)! Este
“renovo” governará com justiça, e por meio dele toda a criação se
regozijará, não havendo dano nem ruína, “porque a terra há de encher-se
do conhecimento de Deus assim como as águas cobrem o próprio mar”.
(11:1, 9) Este renovo servirá como sinal para as nações, e haverá uma
estrada principal para o restante que retornar da Assíria. Haverá
exultação em tirar água das fontes de salvação e em fazer melodia para
Deus.
A pronúncia de condenação contra Babilônia (13:1-14:27). Isaías
olha agora para além dos dias do assírio, para o tempo em que Babilônia
estará no seu zênite. Ouça! O barulho de numeroso povo, o rebuliço de
reinos, de nações ajuntadas! Deus passa em revista o exército de guerra!
É um dia negro para Babilônia. Rostos pasmados afogueiam e corações se
derretem. Os impiedosos medos derrubarão Babilônia, “ornato dos reinos”.
Ela há de se tornar desolação desabitada e covil de criaturas selvagens
“geração após geração”. (13:19, 20) Os mortos no Seol se agitam para
receber o rei de Babilônia. Os gusanos se tornam o seu leito e os vermes
a sua cobertura. Que queda para esse “brilhante, filho da alva”! (14:12)
Aspirava elevar o seu trono, mas torna-se como cadáver lançado fora,
quando Deus varre Babilônia com a vassoura da aniquilação. Não há de
restar nem nome, nem restante, nem progênie, nem posteridade!
Desolações internacionais (14:28-23:18). Isaías aponta agora para
trás, para a Filístia, ao longo do mar Mediterrâneo e daí para Moabe, ao
sudeste do mar Morto. Dirige sua profecia para além da fronteira
setentrional de Israel, para Damasco da Síria, desce bem ao sul para a
Etiópia e vai até o Nilo, no Egito, anunciando os julgamentos de Deus
que trarão desolação ao longo do caminho. Fala do Rei Sargão, assírio,
predecessor de Senaqueribe, que enviou o comandante Tartã contra a
cidade filistéia de Asdode, situada ao oeste de Jerusalém. Nessa
ocasião, Isaías recebe ordem de tirar a roupa e andar despido e descalço
por três anos. Assim, representa vividamente a futilidade de se confiar
no Egito e na Etiópia, que, com “nádegas desnudas”, serão levados
cativos pelos assírios. 20:4.
De sua torre de vigia, um atalaia vê a queda de Babilônia e de seus
deuses, e anuncia adversidades para Edom. O próprio Deus se dirige ao
povo turbulento de Jerusalém que diz: “Comamos e bebamos, pois amanhã
morreremos.” ‘Morrerão mesmo’, diz Deus. (22:13, 14) Os navios de Társis,
também, uivarão, e Sídon ficará envergonhada, pois Deus expressou seu
desígnio contra Tiro, para “tratar com desprezo todos os honrados da
terra”. 23:9.
O julgamento de Deus e a salvação (24:1-27:13). Mas agora é a vez
de Judá! Deus devasta o país. Povo e sacerdote, servo e amo, comprador e
vendedor todos têm de perecer, pois infringiram as leis de Deus e
quebraram o pacto de duração indefinida. Mas, com o tempo, ele voltará
sua atenção para os prisioneiros e os ajuntará. Ele é uma fortaleza e um
refúgio. Oferecerá um banquete no seu monte e tragará a morte para
sempre, e enxugará as lágrimas de todas as faces. “Este é o nosso Deus”,
dir-se-á. “Este é Deus.” (25:9) Judá tem uma cidade com a salvação como
muralhas. A paz duradoura Deus reserva para os que confiam nele, “pois
em Deus está a Rocha dos tempos indefinidos”. Quanto ao iníquo,
“simplesmente não aprenderá a justiça”. (26:4, 10) Deus aniquilará seus
adversários, mas restaurará a Jacó.
Indignação de Deus e bênçãos (28:1-35:10). Ai dos ébrios de
Efraim, cujo “ornato de beleza” murchará! Mas Deus “tornar-se-á como
coroa de ornato e como grinalda de beleza” para o restante do seu povo.
(28:1, 5) Contudo, os jactanciosos de Jerusalém olham para a mentira
como refúgio, em vez de para a provada e preciosa pedra de alicerce em
Sião. Uma enxurrada levará a todos eles. Os profetas de Jerusalém estão
dormindo e o livro de Deus lhes está selado. Honram com os lábios, mas o
coração deles está longe. Todavia, virá o dia em que os surdos ouvirão
as palavras do livro. Os cegos enxergarão e os mansos se regozijarão.
Ai dos que descem ao Egito em busca de refúgio! Este povo obstinado quer
visões macias e enganosas. Será exterminado, mas Deus restaurará um
restante. Este restante verá o seu Grandioso Instrutor, e espalhará as
imagens deles, considerando-as “mera sujeira”. (30:22) Deus é o
verdadeiro Defensor de Jerusalém. Um rei reinará segundo a justiça com
seus príncipes. Trará paz, tranqüilidade e segurança por tempo
indefinido. Os mensageiros da paz chorarão amargamente por causa de
traições cometidas, mas para o Seu próprio povo, o Majestoso, Deus, é
Juiz, Legislador e Rei, e ele próprio o salvará. Nenhum residente dirá
então: “Estou doente.” 33:24.
A indignação de Deus precisa manifestar-se contra as nações. Os
cadáveres cheirarão mal e os montes se derreterão com sangue. Edom tem
de ser desolada. Mas, para os resgatados por Deus, a planície desértica
florescerá, e aparecerá “a glória de Deus, o esplendor de nosso Deus”.
(35:2) Os cegos, os surdos e os mudos serão curados, e abrir-se-á um
Caminho de Santidade para os remidos de Deus, ao retornarem a Sião com
regozijo.
Nos dias de Ezequias, Deus rechaça a Assíria (36:1-39:8). É
prática a exortação de Isaías, de confiar em Deus? Pode ela suportar o
teste? No 14° ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, da Assíria,
assenta um golpe, como que de foice, à Palestina e desvia algumas das
suas tropas, tentando intimidar Jerusalém. Seu porta-voz Rabsaqué, que
fala hebraico, lança perguntas escarnecedoras ao povo enfileirado ao
longo da muralha da cidade: ‘Em que confiam? No Egito? Uma cana
esmagada! Em Deus? Não há deus que possa livrar das mãos do rei da
Assíria!’ (36:4, 6, 18, 20) Obedecendo ao rei, o povo não dá nenhuma
resposta.
Ezequias ora a Deus, pedindo que salve seu povo por causa do Seu nome,
e, por meio de Isaías, Deus responde que Ele colocará o seu gancho no
nariz do assírio e o conduzirá de volta pelo caminho donde veio. Um anjo
fere mortalmente a 185.000 assírios, e Senaqueribe corre de volta para
casa, onde seus próprios filhos mais tarde o assassinam no seu templo
pagão.
Ezequias é acometido de uma doença mortal. Contudo, Deus,
milagrosamente, faz com que recue a sombra produzida pelo sol como sinal
de que Ezequias será curado, e 15 anos são acrescentados à vida de
Ezequias. Em agradecimento, ele compõe um lindo salmo de louvor a Deus.
Quando o rei de Babilônia envia mensageiros com felicitações hipócritas
por se ter restabelecido, Ezequias imprudentemente lhes mostra os
tesouros reais. Em conseqüência disso, Isaías profetiza que tudo na casa
de Ezequias será um dia levado para Babilônia.
Deus consola seu povo (40:1-44:28). A primeira palavra do
capítulo 40, “Consolai”, descreve bem o que contém o resto do livro de
Isaías. Uma voz no ermo clama: “Desobstruí o caminho de Deus!” (40:1, 3)
Há boas novas para Sião. Deus pastoreia o seu rebanho, carrega no colo
os cordeirinhos. Dos majestosos céus, olha para baixo, para o círculo da
terra. A que pode ser comparada sua grandeza? Ele dá pleno poder e
energia dinâmica aos cansados e aos extenuados que esperam Nele. Declara
que as imagens fundidas das nações são vento e irrealidade. O escolhido
por ele será como um pacto para os povos e luz para as nações, a fim de
abrir os olhos dos cegos. Deus diz a Jacó: “Eu mesmo te amei”, e convida
o nascente, o poente, o norte e o sul: ‘Entreguem! Tragam meus filhos e
minhas filhas.’ (43:4, 6) Com o tribunal em sessão, ele desafia os
deuses das nações que produzam testemunhas para provar que são deuses. O
povo de Israel são testemunhas de Deus, seu servo, e testificam que ele
é Deus e Libertador. A Jesurum (“Aquele Que É Reto”, Israel), ele
promete o seu Espírito e daí cobre de vergonha os que fazem imagens que
não vêem nada, não sabem nada. Deus é o Resgatador de seu povo;
Jerusalém será habitada outra vez e seu templo será reconstruído.
Vingança contra Babilônia (45:1-48:22). A fim de salvar Israel,
Deus nomeia Ciro para vencer Babilônia. Os homens terão de saber que só
o Senhor é Deus, o Criador dos céus, da terra e do homem sobre ela. Ele
zomba dos deuses babilônicos, Bel e Nebo, pois só Ele pode predizer o
fim desde o começo. A virgem filha de Babilônia terá de sentar-se no pó,
destronada e despida, e a multidão de seus conselheiros será queimada
como restolho. Deus diz aos israelitas adoradores de ídolos, de ‘cerviz
de ferro e de cabeça de cobre’, que poderiam ter paz, justiça e
prosperidade, se escutassem a ele, mas “não há paz para os iníquos”.
48:4, 22.
Sião será consolada (49:1-59:21). Dando seu servo qual luz para
as nações, Deus brada aos que estão nas trevas: “Saí!” (49:9) Sião será
consolada e o seu ermo se tornará como o Éden, o jardim de Deus, com
superabundância de exultação, regozijo, agradecimento e voz de melodia.
Deus fará o céu desfazer-se em fumaça, a terra gastar-se como uma veste
e seus habitantes perecer como borrachudo. Por que, pois, temer o
vitupério dos homens mortais? O cálice amargo que Jerusalém bebeu
precisa ser passado agora às nações que a calcaram aos pés.
‘Desperta, ó Sião, e sacode-te do pó!’ Veja o mensageiro que pula sobre
os montes, dizendo a Sião: “Teu Deus tornou-se rei!” (52:1, 2, 7) Saiam
do lugar impuro e conservem-se limpos, os que estão no serviço de Deus.
O profeta passa a descrever agora ‘o servo de Deus’. (53:11) É homem
desprezado, evitado, e carrega nossas dores. Foi traspassado pelas
nossas transgressões, mas nos curou pelos seus ferimentos. Como ovídeo
levado ao abate, não fez violência e não falou engano algum. Deu a sua
alma qual oferta pela culpa, a fim de levar os erros de muitos.
Qual dono marital, Deus diz a Sião que grite de alegria por causa de sua
vindoura fertilidade. Embora afligida e sacudida pela tormenta, ela se
tornará cidade de alicerce de safiras, de ameias de rubis e de portões
de pedras fulgurosas. Seus filhos, ensinados por Deus, gozarão de
abundância de paz, e nenhuma arma forjada contra eles será bem-sucedida.
“Eh! todos vós sedentos!” clama Deus. Se vierem, selará com eles seu
“pacto . . . referente às benevolências para com Davi”; dará um líder e
comandante como testemunha aos grupos nacionais. (55:1-4) Os pensamentos
de Deus são infinitamente mais elevados do que os do homem, e a sua
palavra terá êxito certo. Os eunucos que guardarem a sua lei, de
qualquer nacionalidade que sejam, receberão um nome melhor do que filhos
e filhas. A casa de Deus será chamada casa de oração para todos os
povos.
Deus, Enaltecido e Elevado, cujo nome é santo, diz aos idólatras, loucos
por sexo, que não contenderá indefinidamente com Israel. Os seus jejuns
pretensamente piedosos são disfarces para a iniqüidade. A mão de Deus
não é curta demais para salvar nem o seu ouvido pesado demais para
ouvir, mas são ‘os vossos próprios erros que se tornaram as coisas que
causam separação entre vós e o vosso Deus’, diz Isaías. (59:2) É por
isso que esperam a luz, mas andam às apalpadelas nas trevas. Por outro
lado, o Espírito de Deus, sobre o seu fiel povo pactuado, garante que a
Sua palavra permanecerá na sua boca irremovivelmente por todas as
gerações futuras.
Deus embeleza Sião (60:1-64:12). “Levanta-te, ó mulher, dá luz,
pois . . . raiou . . . a própria glória de Deus.” Em contraste com isso,
densas trevas envolvem a terra. (60:1, 2) Nesse tempo, Sião erguerá os
olhos e ficará radiante, e seu coração tremerá ao ver os tesouros das
nações vir a ela sobre uma massa movimentada de camelos. Como nuvens de
pombas que voam, afluirão a ela. Estrangeiros edificarão as suas
muralhas, reis a ministrarão, e seus portões nunca se fecharão. Seu Deus
terá de ser a sua beleza, e Ele multiplicará rapidamente um em mil e o
pequeno em poderosa nação. O servo de Deus proclama que o Espírito de
Deus está sobre ele, ungindo-o para falar estas boas novas. Sião recebe
um novo nome: Meu Deleite Está Nela (Hefzibá), e sua terra é chamada
Possuída Como Esposa (Beulá). (62:4) Dá-se a ordem de aterrar a estrada
que sai de Babilônia e de erigir um sinal em Sião.
De Bozra, em Edom, vem alguém com vestes vermelhas, cor de sangue. Na
sua ira, pisou povos numa cuba de vinho, fazendo jorrar sangue. O povo
de Deus sente profundamente a sua condição impura, e faz uma oração
comovente, dizendo: ‘Ó Deus, tu és nosso Pai. Somos o barro e tu és o
nosso Oleiro. Não fiques indignado ao extremo, ó Deus. Somos todos teu
povo.’ 64:8, 9.
“Novos céus e uma nova terra”! (65:1-66:24). As pessoas que
abandonaram a Deus em busca dos deuses da “Boa Sorte” e do “Destino”
morrerão de fome e sofrerão vergonha. (65:11) Os servos de Deus se
regozijarão na fartura. Eis que Deus cria novos céus e uma nova terra.
Que alegria e exultação haverá em Jerusalém e entre seu povo!
Construir-se-ão casas e plantar-se-ão vinhedos, e o lobo e o cordeiro
pastarão como se fossem um. Não haverá dano nem ruína.
Os céus são o seu trono e a terra o escabelo de seus pés; portanto, que
casa podem os homens construir para Deus? Uma nação há de nascer num só
dia, e todos os que amam a Jerusalém são convidados a se regozijar
quando Deus estende sobre ela a paz como um rio. Ele chegará contra seus
inimigos como o próprio fogo, como carros de tufão, retribuindo a sua
ira com puro furor, e chamas de fogo contra toda carne desobediente.
Mensageiros sairão por todas as nações e ilhas distantes para falar da
Sua glória. Seus novos céus e nova terra hão de ser de duração
permanente. De modo similar, os que o servem, assim como sua prole,
permanecerão. É isso ou a morte eterna.
PROVEITO PARA OS NOSSOS DIAS
Em todos os aspectos, o livro profético de Isaías é uma dádiva de máximo
proveito da parte de Deus. Destaca os elevados pensamentos de Deus.
(Isa. 55:8-11) Os oradores públicos que apresentam as verdades bíblicas,
podem recorrer a Isaías qual rica fonte de vívidas ilustrações que
causam forte impressão, como as parábolas de Jesus. Isaías inculca em
nós de modo poderoso a tolice do homem que usa a mesma árvore tanto como
combustível como para fabricar um ídolo que ele adora. Faz-nos sentir o
desconforto do homem que se deita num leito curto demais, com um lençol
estreito demais, e ouvir o profundo cochilar dos profetas que são
semelhantes a cães mudos, preguiçosos demais para ladrar. Se nós,
pessoalmente, segundo exorta Isaías, ‘buscarmos no livro de Deus e
lermos em voz alta’, poderemos avaliar a poderosa mensagem de Isaías
para os nossos dias. 44:14-20; 28:20; 56:10-12; 34:16.
Essa profecia dirige a atenção especialmente para o Reino de Deus por
meio do Messias. O próprio Deus, o supremo Rei, e é ele quem nos salva.
(33:22). O anúncio do anjo a Maria sobre um filho que nasceria mostrou
que Isaías 9:6, 7 havia de cumprir-se mediante receber Êle o trono de
Davi; e “Êle reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim
do seu reino”. (Lc. 1:32, 33) Mateus 1:22, 23 mostra que o nascimento de
Jesus por meio de uma virgem foi o cumprimento de Isaías 7:14, e o
identifica com “Emanuel”. Cerca de 30 anos mais tarde, João, o Batizador,
veio pregando que “o reino dos céus se tem aproximado”. Todos os quatro
evangelistas citam Isaías 40:3 para mostrar que este João era aquele que
‘clamava no ermo’. (Mt. 3:1-3; Mc. 1:2-4; Lc. 3:3-6; João 1:23). Jesus é
o Messias, o Ungido de Deus e o renovo ou a raiz de Jessé para governar
as nações. É nele que devem depositar a sua esperança, em cumprimento de
Isaías 11:1, 10.
Rm.15:8,12.
Note como Isaías continua a identificar o Messias, o Rei! Jesus leu a
sua comissão no rolo de Isaías para mostrar que ele era o Ungido de
Deus, e daí passou a “anunciar o ano aceitável do Senhor. . . . porque”,
disse ele, “fui enviado para isso”. (Luc. 4:17-19, 43; Isa. 61:1, 2) Os
quatro Evangelhos estão cheios de pormenores sobre o ministério
terrestre de Jesus e sobre como ele morreu, conforme predito em Isaías,
capítulo 53. Embora os judeus ouvissem e vissem as obras maravilhosas de
Jesus, não entenderam o significado disso por causa da incredulidade de
seu coração, em cumprimento de Isaías 6:9, 10; 29:13; e 53:1. (Mt.
13:14, 15; João 12:38-40; Atos 28:24-27; Rm. 10:16; Mt. 15:7-9; Mc. 7:6,
7) Jesus foi pedra de tropeço para eles, mas tornou-se a pedra angular
de alicerce que Deus colocou em Sião e sobre a qual Ele edifica a sua
casa espiritual, em cumprimento de Isaías 8:14; e 28:16. Lc. 20:17; Rm.
9:32, 33; 10:11; 1 Pd. 2:4-10.
Os apóstolos de Jesus Cristo continuaram a fazer bom uso da profecia de
Isaías, aplicando-a ao ministério. Por exemplo, ao mostrar que são
necessários pregadores para a edificação da fé, Paulo cita Isaías,
quando diz: “Quão lindos são os pés daqueles que declaram boas novas de
coisas boas!” (Rm. 10:15; Is. 52:7; veja também Romanos 10:11, 16, 20,
21.) Pedro também cita Isaías, ao mostrar que o Reino prometido duraria
eternamente: “Pois ‘toda a carne é como a erva, e toda a sua glória é
como flor da erva; a erva se resseca e a flor cai, mas a declaração de
Deus permanece para sempre’. Ora, esta é a ‘declaração’, esta que vos
foi anunciada.” 1 Ped. 1:24, 25; Isa. 40:6-8.
Isaías descreve magnificamente a esperança do Reino futuro! Eis que
haverá “novos céus e uma nova terra”, em que “um rei reinará para a
própria justiça” e príncipes governarão para o próprio juízo. Que motivo
de alegria e exultação! (65:17, 18; 32:1, 2) Novamente, Pedro se refere
à mensagem alegre de Isaías: “Mas, há novos céus e uma nova terra que
aguardamos segundo a . . . promessa [de Deus], e nestes há de morar a
justiça.” (2 Pd. 3:13) Este maravilhoso tema do Reino atinge a sua plena
glória nos últimos capítulos de Apocalipse. Is. 66:22, 23; 25:8; Ap.
21:1-5.
Destarte, o livro de Isaías, embora contenha denúncias causticantes dos
inimigos de Deus e dos que professam hipocritamente ser servos dele,
aponta, em tons dignificantes, para a magnífica esperança do Reino
messiânico, por meio do qual o grande nome de Deus será santificado.
Contribui muito para explicar as maravilhosas verdades do Reino de Deus
e anima nossos corações com a alegre expectativa de “salvação por ele”.
Is. 25:9; 40:28-31.
Algumas
Profecias Que Se
Aplicam a Jesus
Cristo |
|
Texto de
Isaías |
|
Escrituras
Cristãs |
7:14 |
Nascido de uma
donzela, uma
virgem |
Mt 1:22, 23 |
9:7; 11:1-5, 10 |
Descendência de
Davi, filho de
Jessé.
|
Lc 1:32, 33; Rm
15:8, 12 |
40:3-5 |
Relacionado com
a sua vinda,
fez-se o
anúncio:
“Desobstruí o
caminho de
Deus!” |
Mt 3:1-3; Mc
1:1-4; Lc 3:3-6;
Jo 1:23 |
61:1, 2 |
Ungido por Deus
para declarar
boas novas aos
mansos. |
Lc. 4:17-21 |
9:1, 2 |
Trouxe luz à
Galiléia |
Mt 4:13-16 |
42:1-4 |
Tornou clara a
justiça de Deus;
não quebrou os
que eram
semelhantes a
uma cana
esmagada. |
Mt 12:10-21 |
53:4, 5 |
Carregou as
doenças de
outros; por
causa de suas
feridas outros
foram sarados. |
Mt 8:16, 17; 1Pe
2:24 |
53:1 |
Não foi crido |
Jo 12:37, 38 |
53:12 |
Contado com os
transgressores. |
Lc 22:37 |
8:14, 15; 28:16 |
Rejeitado, pedra
de tropeço, mas
tornou-se pedra
do ângulo. |
1Pe 2:6-8 |
|
Outros casos
em Que Se
Observam Eventos
em Cumprimento
de Profecias de
Isaías, mas Onde
o Escritor Não
Menciona Isaías. |
|
Texto de
Isaías |
|
Escrituras
Cristãs |
50:6 |
Foi insultado,
golpeado,
cuspido. |
Mt 26:67; Mc
14:65 |
53:7 |
Quieto e não
queixoso perante
acusadores |
Mt. 27:12-14; At
8:28, 32-35 |
53:9 |
Sepultado no
túmulo dum homem
rico. |
Mt 27:57-60 |
53:8, 11 |
Morte
sacrificial,
para abrir
caminho para
muitos
alcançarem uma
posição justa
perante Deus. |
Rm 4:25 |
|
Outras
Profecias
Cumpridas
Alguns dos
Muitos Eventos
Anteriores ao
Primeiro Século
dC Que Cumpriram
Profecias de
Isaías. |
|
Texto de
Isaías |
|
1:26-30; 24:1-6;
39:6, 7 |
Jerusalém
destruída;
exílio a
Babilônia. |
43:14; 44:26-28 |
Livramento do
exílio;
Jerusalém
restaurada;
Ciro,
instrumento
usado por Deus
para realizar
isso. |
23:1, 8, 13, 14 |
Cidade de Tiro
continental
destruída pelos
caldeus sob
Nabucodonosor.
Cumprimentos
Maiores Agora e
no Futuro |
|
É óbvio, da
leitura da
Bíblia, que
muitas das
profecias de
Isaías têm mais
de um
cumprimento e
que grande parte
do livro está
tendo e ainda
terá seu
cumprimento
final, maior. Só
no livro de
Apocalipse há
muitas citações
das profecias de
Isaías, ou
alusões a elas,
algumas das
quais alistamos
a seguir: |
|
Texto de
Isaías |
|
Apocalipse |
21:9 |
Babilônia caiu! |
Ap 18:2 |
40:10 |
Deus vem com
recompensa. |
Ap 22:12 |
47:5, 7-9 |
Babilônia,
meretriz e
amante de
reinos, sofre
calamidade.
|
Ap 17:1, 2; Ap
18; 18:7 |
48:20 |
Ordena-se ao
povo de Deus que
saia de
Babilônia. |
Ap 18:4 |
60:1, 3, 5, 11 |
Nova Jerusalém
assemelhada à
antiga Jerusalém
em seu estado
restaurado. |
Ap 21:11; Ap 21:
24-26 |
66:22 |
Deus cria
novo(s) céu(s) e
uma nova terra. |
Ap 21:1 |
|