De
início quero citar o
seguinte acontecimento, que
ilustra muito bem a oração
eficaz:
Em um
país do ex-bloco comunista o
prefeito de uma pequena
cidade lançava olhares
invejosos em direção a um
centro cristão de
reabilitação. Ele espalhou
calúnias para prejudicar os
cristãos e para atrair
medidas restritivas do
Estado contra os cristãos.
Ele teve sucesso? Sim, o
trabalho e o raio de ação do
centro de reabilitação foram
reduzidos. Ele publicou
resoluções que prejudicaram
o centro. Ele tinha a
esperança do centro ser
fechado algum dia e esperava
que nessa ocasião fosse
receber toda a propriedade
para fazer dela um asilo
estatal. Será que com isso
ele não iria conseguir
muitos elogios da direção do
Partido Comunista? Sem
dúvida, mas tratava-se de um
caso de evidente injustiça!
O que um cristão deve fazer
em uma situação dessas? Ele
deve organizar uma
manifestação? Deve enviar
uma carta de protesto ao
redator-chefe do jornal
local criticando a injustiça
cometida? Ou será que ele
deve resistir ao cumprimento
das restrições? Ou será que
ele deve ocupar a prefeitura
acompanhado de seus
colaboradores e não sair
dali até que tudo tenha sido
resolvido a seu contento?
Não se precisa de muita
fantasia para imaginar onde
esse comportamento teria
conduzido os cristãos em um
país comunista. Mas como foi
que aqueles cristãos
dominaram a situação? Eles
aceitaram as restrições sem
reclamar. E eles começaram a
orar. O diretor do centro
passou uma noite inteira em
oração... e não tomou outra
iniciativa qualquer, mas
simplesmente confiou na
proteção do Senhor. Mas eis
que uma série de fatos
incomuns começou a
acontecer. Um farmacêutico
comunista da cidade ficou
irritado com o prefeito e
fez queixa em instâncias
superiores argumentando que
as restrições impostas ao
centro de reabilitarão eram
infundadas. Operários da
fábrica local se
desentenderam com o prefeito
e declararam inválida sua
assinatura na resolução.
Alguns dias depois, o
prefeito apareceu no centro
de reabilitação, pediu
desculpas pelos transtornos
e ao mesmo tempo suspendeu
todas as restrições que
havia imposto. Nesse
acontecimento, a luta
espiritual, a estratégia
espiritual, as armas
espirituais e a vitória
espiritual tomaram forma
concreta.
("In Bildern reden", Heinz
Schäfer)
Todo verdadeiro filho de
Deus anseia orar de maneira
eficaz. Quais são as
condições para isso? Em
Tiago 5.16-17 somos
conclamados: "Confessai,
pois, os vossos pecados uns
aos outros, e orai uns pelos
outros, para serdes curados.
Muito pode, por sua
eficácia, a súplica do
justo. Elias era homem
semelhante a nós, sujeito
aos mesmos sentimentos, e
orou com instância para que
não chovesse sobre a terra,
e por três anos e seis meses
não choveu."
Justiça isolada não basta.
"Muito pode, por sua
eficácia, a súplica do
justo..." O pré-requisito
para que Deus nos ouça é
sermos justos, e temos essa
justiça única e
exclusivamente em Jesus
Cristo.
Justiça significa viver e
agir exatamente da maneira
que Deus aprova. Jesus
Cristo foi a única pessoa
sobre a terra que andou de
modo tão perfeito nos
caminhos do Senhor que Deus
pôde lhe dar Sua plena
aprovação. A justiça, assim
como a Bíblia a entende, é
concedida a todos os que
crêem no Senhor Jesus:
"Porque o fim da lei é
Cristo para justiça de todo
aquele que crê" (Rm 10.4).
A Bíblia fala de Abraão e
diz que ele creu em Deus e
que isso lhe foi imputado
como justiça (Tg 2.23). Essa
justiça de Abraão mostrou
seus frutos na maneira de
viver de Abraão. Ela trouxe
resultados; não era
estática, mas muito
dinâmica. E nós sabemos que
as orações de Abraão foram
atendidas pelo Senhor.
Igualmente a justiça que nós
temos através de Jesus
precisa ter conseqüências em
nossa vida para que o Senhor
possa ouvir as nossas
orações. É uma justiça que
se torna ativa. Se a justiça
que Jesus nos proporciona
não se refletir em nossa
vida prática, nossas orações
ficarão sem poder.
"A oração fervorosa de um
homem justo tem grande poder
e resultados
maravilhosos..." (A Bíblia
Viva). Isso não significa
nada mais do que a justiça
que Jesus nos dá produzindo
seus frutos e resultados
maravilhosos na prática. A
oração do justo tem conexão
com fervor e seriedade; ela
não é um ato isolado. E orar
com fervor é uma das coisas
que têm sua origem na
justiça que recebemos
através de Jesus!
Justiça dinâmica – oração
que pode ser atendida
"A oração fervorosa de um
homem justo tem grande poder
e resultados maravilhosos".
Isso significa que, por um
lado, a oração do justo tem
que ser eficaz, mas também
que existem orações que não
têm efeito – e isso pode
acontecer mesmo depois de já
termos sido justificados por
Jesus.
O que realmente faz parte
da oração eficaz de um
justo?
1.
Disposição fraternal de
perdoar
"Confessai, pois, os vossos
pecados uns aos outros, e
orai uns pelos outros, para
serdes curados" (Tg 5.16a).
Essa afirmação está
intimamente ligada com a
frase: "A oração fervorosa
de um homem justo tem grande
poder e resultados
maravilhosos." Uma oração só
pode ser fervorosa quando
também existe fervor e
sinceridade nos
relacionamentos entre os
irmãos em Cristo. Talvez
muitas orações não sejam
atendidas pelo Senhor porque
existe discórdia entre os
irmãos, porque se guarda
rancor no coração e porque
não existe disposição de
perdoar o próximo e de
confessar os pecados uns aos
outros.
Quando a Bíblia nos exorta e
diz: "Confessai, pois, os
vossos pecados uns aos
outros, e orai uns pelos
outros...", geralmente
existe culpa em ambos os
lados, por ambos terem se
tornado culpados dentro de
um relacionamento. E isso
deve ser consertado por
ambas as partes envolvidas,
com as duas pessoas buscando
o diálogo, confessando os
pecados e voltando a orar
uma pela outra.
A Bíblia ensina: "E, quando
estiverdes orando, se tendes
alguma cousa contra alguém,
perdoai, para que vosso Pai
celestial vos perdoe as
vossas ofensas. Mas, se não
perdoardes, também vosso Pai
celeste não vos perdoará as
vossas ofensas" (Mc
11.25-26). A justiça de
Jesus não pode se tornar
manifesta onde existem
conflitos e onde não existe
a disposição sincera de um
perdoar ao outro.
Há, por exemplo, brigas em
uma família. Duas irmãs não
se entendem. Talvez exista
inveja entre elas. Ou é um
casamento que não funciona
direito, um cônjuge vive
afastado do outro ao invés
de viverem lado a lado e de
viverem um para o outro. Ou
pensemos na situação dentro
da igreja: simplesmente não
conseguimos nos relacionar
com um certo irmão ou com
uma certa irmã. Em certos
assuntos temos opiniões
diferentes. E então foram
ditas palavras não muito
amáveis. Agora, tudo o que o
outro faz é questionado e
posto em dúvida. E como é
rápido pecar com os lábios
falando mal do próximo para
que a gente pareça melhor.
Mas o pior de tudo é quando
não se consegue de jeito
nenhum iniciar uma conversa
franca e aberta, não
consegue se aproximar do
outro para confessar o
próprio comportamento errado
e quando não conseguimos nos
humilhar pelos nossos erros.
Se a gente fizesse isso, o
outro poderia se sentir
vitorioso, não é? Ou já
temos uma desculpa pronta de
antemão: "Com ele não
adianta mesmo falar". E é
assim que o pecado continua
existindo dentro da igreja.
Talvez procuremos ignorar o
fato, reprimindo a lembrança
do mesmo quando vem à nossa
mente ou argumentando que a
coisa não é tão grave assim,
mas o pecado continua sem
ter sido perdoado. Mas onde
não aconteceu perdão, o
pecado continua a persistir,
assim como a Bíblia o diz:
"Sabemos que Deus não atende
a pecadores; mas, pelo
contrário, se alguém teme a
Deus e pratica a sua
vontade, a este atende" (Jo
9.31).
Queridos irmãos, nós todos
desejamos que nossas orações
sejam atendidas e que sejam
eficazes! Por isso,
batalhemos com ardor para
que isso possa se
concretizar. E o que
precisamos fazer? Passar por
cima dos nossos próprios
sentimentos, fazendo um
grande esforço e indo falar
com quem temos problemas,
confessando os pecados uns
aos outros. Quem não faz
isso, mas continua frio e
distanciado em relação ao
outro, está no caminho
completamente errado.
Provérbios 14.21a diz: "O
que despreza ao seu vizinho
peca", e outra versão diz o
seguinte: "O que despreza ao
seu companheiro peca" (Ed.
Rev. e Corr.).
Em Provérbios 6 são
enumeradas seis coisas que
aborrecem ao Senhor, mas a
sétima é uma abominação para
Ele: "... o que semeia
contendas entre os irmãos"
(v. 19). Por isso alguém
certa vez transcreveu Tiago
5.16 assim: "A oração de uma
pessoa que está em paz com
Deus faz milagres." Mas eu
só vivo em paz com Deus
quando igualmente vivo em
paz com meus irmãos em
Cristo (1 Jo 2.9,11).
2.
Fé inquebrantável e
insistente
Exatamente Elias é usado
para exemplificar essa
verdade: "Elias era homem
semelhante a nós, sujeito
aos mesmos sentimentos, e
orou com instância para que
não chovesse sobre a terra,
e por três anos e seis meses
não choveu" (Tg 5.17). Elias
é um dos maiores profetas do
Antigo Testamento, e,
através do Senhor, ele foi
capaz de fazer coisas
grandiosas em uma época de
apostasia quando as pessoas
abandonavam ao Senhor. Mas
exatamente Elias é
classificado como o homem
que "era semelhante a nós,
sujeito aos mesmos
sentimentos." Em sua vida,
ele experimentou altos e
baixos – mas orava com
fervor e tinha uma fé
inabalável. Elias não tinha
sentimentos diferentes dos
nossos. Ele era sujeito aos
mesmos altos e baixos pelos
quais nós passamos. Mas em
sua fé ele era inabalável!
Aqui a Bíblia quer nos
ensinar que não devemos
olhar para as aparências,
nem para os nossos
sentimentos e muito menos
para as circunstâncias, e
que não devemos condicionar
nossa vida de oração a essas
coisas. Mas somos exortados
e animados a orarmos com uma
fé que não vacila.
Tenhamos nova coragem e novo
ânimo para orarmos
fervorosamente, com
seriedade, e para assumirmos
atitudes concretas, atitudes
de justiça que são
imprescindíveis para que
nossas orações sejam
respondidas. "Muito pode,
pela sua eficácia, a súplica
do justo."
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