Na cultura oriental sabe-se
que o idoso é o membro da
família detentor de
sabedoria e profundo
respeito. Conselhos são
solicitados a ele, que
possui não somente uma soma
de anos, e sim valores,
experiências e sabedoria que
guiam os mais jovens nos
desafios e caminhos que a
vida proporciona.
Ora parece-lhes tão simples
conhecer de antemão o
caminho que deverá ser
percorrido, os alertas que
devem estar atentos, as
adversidades que vão
encontrar, pelo simples fato
de acreditarem e confiarem
em seus antecessores. E o
mais importante: lhe são
gratas. Dignificam o idoso
até seus últimos momentos. E
nós, o que aprendemos com os
nossos? Nos servem de
conselheiros? Os respeitamos
como merecem?
Creio que não. Nossa
sociedade, a julgar por tudo
aquilo que temos visto, tem
outro olhar diante da
terceira idade. O idoso
muitas vezes acaba ocupando
um status de improdutivo.
Não trabalha mais, como se
nosso mercado de trabalho
lhes oferecesse chances
dignas para produzir.
Ultrapassado e, não precisa
ser adulto para taxá-lo
desta maneira, basta tê-lo
na sua sutil presença.
Quantas vezes já ouvimos: “O
vovô está caducando...” ou
“No seu tempo dele era
diferente! Isso já era”.
Obviamente que também
sabemos que existe conflito
de gerações nos lares,
mudanças de hábitos, de
tecnologias, mas lhes
pergunto o respeito, os bons
costumes, os sentimentos
também saíram de moda?
Popularmente diz-se que o
ser humano aprende com a
dor. Diferente dos
orientais, a maioria de nós
despreza tamanha oferta de
saber. Prefere arriscar-se
mais, correr mais, a escutar
preciosas lições. Fica
claro, neste ritmo
desenfreado em que
preferimos culpar nosso
estilo de vida, a correria
do dia a dia e afazeres para
ganhar a vida do que
culpar-nos por tamanha
indiferença.
Hoje, tudo que queremos na
área médica, especialmente
na Geriatria é o
envelhecimento com qualidade
de vida. Falamos em
prevenção de doenças,
avanços nos tratamentos, mas
como conseguiremos curar o
mal da solidão e do abandono
que aflige mais de 15 %
desta população? Com certeza
chegou a hora de educar-nos
e a nossos filhos.
Mostrar-lhes que aquelas
rugas não assinalam apenas
dias e dias de vida, mas que
sabe de luta para estarmos
aqui. Sim, não nos
esqueçamos que por causa
deles estamos aqui.
Vamos compreender que muitas
vezes o andar mais vagaroso,
as mãos trêmulas e sua voz
com tons mais baixos não
significam fraqueza, mas
sinais que neste momento
precisam ser mais abraçados
do que podem abraçar. De que
já perderam muito, muitas
pessoas que ainda lhe são
caras, que por isso esta
família talvez seja tudo
aquilo que ele ainda tem, e
isso significa muito.
Sejamos capazes de entender
que nossos idosos ainda
podem ser úteis, talvez não
mais com força ou oferecendo
quantias monetárias, mas com
conselhos, com afetos a
nossos filhos, cuidando das
pequenas coisas que podem
fazer em nossos lares.
É difícil sensibilizar
pessoas. Mas apenas pense
como gostaria de ser tratado
por seus filhos na sua
terceira idade. Não esqueça
que o seu exemplo esta sendo
observado e será repetido
por eles. |