"Porque, antes destes dias,
se levantou Teudas,
insinuando ser ele alguma
cousa, ao qual se agregaram
cerca de quatrocentos
homens; mas ele foi morto, e
todos quantos lhe prestavam
obediência se dispersaram e
deram em nada”.
Livro dos
Atos dos Apóstolos 5:36
Houve, há muito tempo atrás,
um homem chamado Teudas. Não
sabemos muito a seu
respeito, a não ser aquilo
que podemos encontrar nas
palavras de Gamaliel,
registradas por Lucas em seu
segundo livro a Teófilo. Ao
que tudo indica, Teudas foi
um líder religioso como
muitos que encontramos em
nossos dias. Eles estão em
nossas próprias Igrejas e,
não raro, à frente delas.
São carismáticos e
comunicadores, conseguem
mobilizar as pessoas e fazem
com que elas sinceramente
creiam neles.
É exatamente aí que reside o
problema. Será que devemos
crer em pessoas ou em idéias
e valores? Claro que a
primeira questão que se
levanta é o fato de que nós
cremos em Cristo, mas a
nossa fé em Cristo se
materializa na vivência de
Seus ensinamentos e não
culto à Sua imagem.
Lembrem-se do que Jesus
disse: “se alguém Me ama,
guardará a Minha palavra” (Jo.
14.23). Muitas imagens de
Cristo são adoradas por
pessoas que ignoram ou
contrariam deliberadamente o
Seu ensino.
Há comunidades, instituições
e movimentos que se baseiam
em homens e não em valores,
princípios ou verdades. Caem
ou morrem estes homens, caem
e morrem estas organizações.
São o resultado do trabalho
de pessoas que se pregam a
si mesmas; que “insinuam ser
alguma coisa” e não são; que
desejam que os homens se
agreguem a eles, que sejam
fiéis a eles e não àquilo
que eles fazem, vivem e
ensinam.
Esse tipo de personalismo é
muito comum em nossos dias.
Dizem que “cada Igreja tem a
cara do seu pastor”, será
que deve ter? Acredito que a
Igreja deve ter seus
contornos definidos pelos
valores que defende, pelas
verdades que prega, pelos
princípios que norteiam sua
conduta sobre a Terra, e
tudo isso deve ser retirado
das Escrituras, sob a
direção do Espírito, e não
da mente brilhante e
criativa de algum “teudas”.
É mais uma vez Gamaliel que
nos lembra qual é o fim
daqueles que constroem
impérios sobre a frágil
estrutura de um homem, eles
dão em nada. Pessoas se
“convertem a” seguidores
deles, mas não se “convertem
em” pessoas melhores, mais
justas e amorosas.
De fato como Jesus foi
diferente de Teudas. Ele não
pregou a Si mesmo, mas
anunciou a chegada do Reino
de Deus; Ele não nos
convidou a conhecer o Seu
poder de influência e a Sua
riqueza, mas nos mostrou as
Suas chagas, feitas por
amor; Ele não nos prometeu
fortuna se O seguíssemos,
mas uma cruz diária. E,
mesmo assim, milhares e
milhares de pessoas
continuam o seguindo em
nossos dias, isso porque
crêem em Suas palavras e
seguem Seus passos e a Sua
voz.
Não é pra menos que quase
ninguém sabe quem foi Teudas.
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