Recentemente, estava
conversando com alguns
jovens que, como eu,
nasceram na década de 80
acerca dos desenhos animados
de nossa infância. Acabamos
percebendo uma
característica muito forte
naquelas histórias.
Praticamente todas ofereciam
saídas improváveis para os
problemas enfrentados pelos
personagens. Popaye comia
espinafre e vencia o Brutus.
Os Ursinhos Gummy recorriam
ao suco gummy. He-man e
She-Ra tinham, cada um, uma
espada do poder. Assim como
Lion, dos Thundercats, tinha
a espada justiceira.
Assim, nossa geração
aprendeu, de certa forma,
que deveria esperar por um
recurso externo, que lhe
fornecesse habilidades
especiais para resolver os
problemas. A televisão, as
revistas, o mundo, e muitas
vezes nossos próprios
familiares nos ensinaram a
lançar a culpa por nossas
falhas em outros ou em
fatores externos, e a sempre
esperar que algo exterior a
nós aconteça para que as
situações sejam resolvidas.
Talvez, não por acaso, algo
semelhante pode ser visto na
sociedade de modo geral. Os
cidadãos que vivem esperando
que os governantes tomem
medidas que resolvam seus
problemas – mesmo quando a
causa desses problemas não
está na omissão do agente
público -; e as longas filas
em frente às casas lotéricas
nas vésperas do sorteio do
prêmio acumulado, todos
esses são casos ilustrativos
desse mal que nos aflige, o
mal de pensar que a solução
é exterior e virá de
repente.
O GRÃO DE MOSTARDA
Infelizmente, esse conceito
do mundo também invade nossa
vida com Deus.
A maioria dos jovens
cristãos tem grande
dificuldade em conciliar
suas necessidades humanas e
seu serviço ao Senhor. Na
maior parte das vezes,
formação intelectual,
trabalho e casamento recebem
muito mais atenção que
oração, leitura da Palavra e
pregação do evangelho.
Muitos que se encontram
nessa condição, contudo,
acreditam que um dia algo
ocorrerá subitamente e tudo
vai mudar. Às vezes, durante
conferências cristãs para
jovens, alguns afirmam
categoricamente que, diante
da Palavra, mudaram súbita e
completamente. A Bíblia,
contudo, nos dá inúmeros
exemplos que mostram que
nossa vida espiritual não
muda nem cresce assim, da
noite para o dia.
A parábola do grão de
mostarda, proferida pelo
Senhor Jesus e registrada
por Mateus no capítulo 13 de
seu evangelho, exemplifica
isso. Ali, um grão de
mostarda, a menor das
sementes, se fez grande
árvore, de modo que as aves
do céu vieram aninhar-se nos
seus ramos (Mateus
13:31-32). As aves do céu,
no contexto de Mateus 13 se
referem ao Maligno, o
inimigo de Deus (v. 19) e
seus anjos caídos. Por meio
do crescimento anormal
daquele grão de mostarda, o
Senhor Jesus ilustrou que
aquilo fugia ao princípio
normal da vida. O resultado
foi que o Maligno encontrou,
naquela árvore, um lugar
propício para afrontar Deus
e resistir a Seu propósito.
Assim, não deseje passar de
grão a árvore em algumas
horas, ou mesmo em alguns
dias. Você não será
transformado de maneira
abrupta. Não estará livre de
suas ansiedades nem de suas
angústias de um dia para o
outro. Não ache que o
casamento lhe trará a tão
esperada paz. Nem pense que
quando tiver “aquele”
emprego, tudo estará
resolvido. E saiba que é
passividade demais aguardar
o dia em que, de repente,
seu apreço pelas coisas do
mundo desaparecerá,
provavelmente, esse dia não
chegará.
Precisamos entender que a
maneira de Deus é a maneira
da vida. Ele é perfeitamente
capaz de fazer coisas
improváveis – e até mesmo
coisas impossíveis aos
homens -, mas decidiu usar
uma maneira orgânica para
lidar conosco. Por isso é
necessário nascer de novo
para ver e entrar no reino
de Deus (João 3:3-5). O
reino de Deus – as coisas de
Deus – requer a vida de
Deus. Ele é orgânico, porque
é o caminho da vida. Por ser
orgânico, é um processo
profundo e minucioso, por
meio do qual a velha vida
que recebemos de Adão é
substituída por uma nova
vida, a vida de Cristo.
Assim, nossa velha pessoa é
permeada, saturada e
transformada, para ser um
novo homem, criado segundo
Deus (Efésios 4:24). Deus
cresce em nós e nosso velho
homem decresce (João 3:30).
Por isso, o Senhor veio como
semeador, para implantar Sua
vida em nós (Mateus 13:3-9).
Ele nos regenerou para uma
viva esperança. Assim, mesmo
que haja espinhos, mesmo que
haja joio no meio do trigo,
não desanimamos (vs. 24-30).
Precisamos ser fiéis para
alcançar a coroa da vida.
Alias, assim como a igreja
em Filadélfia, já obtivemos
essa coroa e devemos
conservá-la, para que
ninguém a tome de nós
(Apocalipse 3:11). Temos uma
porta aberta, temos o nome e
a Palavra. Devemos guardar e
apreciar o nome e a Palavra
do Senhor (3:8), desfrutando
deles.
DESTRUIR SOFISMAS
Mas, para que isso ocorra,
temos de resolver aquele
problema de que falamos no
início, aquela mentira que
nos foi contada – até mesmo
por meio dos desenhos
animados – muitas vezes e de
maneira muito lógica, até
que parecesse ser verdade. A
mesma mentira que sugere que
o socorro, a saída, virá de
algo exterior a nós, uma
espécie de tábua de
salvação.
Esse raciocínio errôneo,
constitui-se de um “axioma
improvável”, um verdadeiro
sofisma, que deve ser
anulado para que possamos
viver de acordo com a
verdade, de acordo com o
caminho da vida, tal como é
mostrado na Bíblia. É
exatamente esse precioso
livro que nos mostra que
precisamos destruir os
sofismas, pois eles podem se
tornar fortalezas em nossa
mente (2 Coríntios 10:4).
Sabemos que Deus quer nos
transformar de maneira
paulatina, constante e
verdadeira. Mas, ainda
assim, temos uma cultura que
nos faz preguiçosos para as
coisas de Deus, que nos faz
esperar uma transformação
abrupta no futuro.
Jovem, não fique preso em um
pensamento assim, que
constitui uma “fortaleza
insegura” – por mais
contraditória que essa
expressão possa parecer.
Temos armas espirituais para
destruir as fortalezas e
avançar com Cristo. Essas
armas são o nome e a Palavra
do Senhor, e são imbatíveis.
Não há conceito falso que
persista quando lemos a
Palavra com oração. Não há
sentimento duvidoso que
resista quando invocamos o
nome do Senhor. As maiores
distrações são vencidas
quando nos apresentamos para
propagar o evangelho do
reino. Aleluia! Nosso
problema está mais do que
resolvido, e não foi
necessário passar por nenhum
evento improvável. Tudo é
nosso (1 Coríntios 3:21). O
nome de Jesus Cristo e a
palavra estão acessíveis. Os
serviços da igreja estão
abertos a todos. A vida da
igreja é nosso “direito
líquido e certo”. E é
justamente por vivermos a
vida da igreja, com essas
práticas simples e tão
significativas, que somos
transformados. É na comunhão
com o Senhor que as coisas
são resolvidas.
ATÉ QUE ELE VENHA
O Senhor conta com você. Ele
anseia por uma geração que
não espera, mas age, que
apressa o dia de Sua vinda
(2 Pedro 3:12). Podemos ser
parte da geração final, a
geração que vive uma vida
real, pregando o evangelho
do reino. Quando esse
evangelho do reino for
pregado em toda a terra
habitada, então, todas as
mentiras terão um fim.
Sejamos parte do exército de
Deus, seguindo o Capitão da
salvação, o Fiel e
Verdadeiro, o Verbo de Deus,
que saiu anunciando o
evangelho do reino, que saiu
vencendo e para vencer
(Apocalipse 19:11-16; Lucas
8:1). Aleluia!
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