O
que fazer quando a violência
e o abuso sexual chegam às
portas da minha igreja?
Essa é uma pergunta que todo
cristão deve fazer. Como
lidar? De que forma? Sabemos
que o silêncio deve ser
rompido a partir da igreja,
porque parte de nossa função
como corpo de Cristo, é
“denunciar a injustiça”.
Injustiça essa que,
infelizmente, tem feito
parte do cotidiano de muitas
crianças e mulheres.
Falando sobre violência
Um dos assuntos que como
igreja estamos discutindo e
quebrando o silêncio, é a
questão da violência
familiar. A sociedade de
modo geral tem se preocupado
com a questão e busca
alternativas para amenizar
este problema. Como igreja
não podemos ficar de fora
dessa discussão. É nosso
dever nos envolver e
trabalhar no sentido de
prevenção e educação,
levando informação para
líderes e membros de igrejas
locais.
Abuso infantil
Praticar violência contra
uma criança é crime. E para
isto existe uma legislação
específica –
O
Estatuto da Criança e do
Adolescente – que
está aí para determinar a
punição. No Brasil é caso de
polícia.
• Só para se ter uma idéia
da gravidade da questão, é
bom lembrar que todos os
dias mais de 18 mil crianças
são espancadas no país,
segundo dados da UNICEF –
Fundo das Nações Unidas para
a Infância. Segundo a
UNICEF, as mais afetadas são
meninas entre sete e 14
anos.
• No Brasil, onde existe uma
população de quase 67
milhões de crianças de até
14 anos, são registrados por
ano 500 mil casos de
violência doméstica de
diferentes tipos. Em 70% dos
casos os agressores são pais
biológicos.
A violência contra a criança
é crescente, mas nem sempre
ocorre na forma de abuso
sexual, tema que vem sendo
amplamente discutido.
Levantamento inédito do
Núcleo de Atenção a Criança
Vítima de Violência, da
Universidade do Rio de
Janeiro(UFRJ) mostra, com
base de dados coletados de
1996 a Junho deste ano, que:
• 29,1% de meninos e meninas
são vítimas de abuso físico.
• A violência sexual aparece
em segundo lugar – 28,9%
• 25,7% sofreram negligência
• 16,3% abuso psicológico
Fonte:
www.atelierdenoivas.com.br/mundomulher
Importante
saber
1. Crianças são
vítimas na própria família:
É um tema que merece
atenção, porque a violência
começa dentro de casa. Não
deixe de abordar qual é o
perfil do agressor.
Estima-se que 300 mil
meninas são vítimas de
incesto todos os anos e mais
um terço delas tenta
suicídio.(Lacri-USP)
2. Abuso ocorre em todas
as classes: Não o nível
econômico. O abuso acontece
em alguma de suas formas. A
pobreza é apontada como
causa de 16,8% de abuso
sexual. Especialistas
afirmam que particularmente
no caso de abuso na família
80% das ocorrências, a
condição social dos
indivíduos é em geral
ocultada.
3. Medo de denunciar:
Segundo o ECA, médicos,
professores, instituições de
ensino, devem comunicar as
autoridades casos de abuso
contra a criança. Além
desses profissionais,
vizinhos, amigos e
familiares devem tomar a
mesma iniciativa, acionando
o
CONSELHO
TUTELAR DA SUA CIDADE.
4. Atendimento ás vítimas:
É importante dispor de
alguns lugares como fonte de
referência e ajuda ás
vítimas. Cada cidade tem
órgãos governamentais e não
governamentais que exercem
um trabalho qualificado.
Procure conhecer algumas
dessas instituições. Um dado
alarmante: 100 crianças
morrem por dia no Brasil,
vítimas de maus tratos –
negligência, violência
física, abuso sexual e
psicológico, segundo
pesquisa realizada pelo
Laboratório de Estudos da
Criança/USP. Dados do
Ministério da Saúde revelam
que 38% das mortes de
pessoas com até 19 anos são
causadas por agressões.
5. Prevenção: Qual é
o nosso papel? Quebrar o
silêncio e de maneira cristã
abordar este tema no sentido
de ajudar na construção de
uma nova geração e uma nova
mentalidade.
No dia em que o Brasil
souber tratar também os
agressores, provavelmente os
índices de violência contra
a criança irão diminuir.
Violência doméstica
As mulheres são 51% da
população mundial, chefiam
33% dos lares. No entanto a
cada 15 segundos uma delas é
espancada. É o que diz o
relatório sobre as situações
sociais, econômicas e
jurídicas da mulher
brasileira. (Fonte: ibid)
No Rio de Janeiro, numa
pesquisa da Universidade
Federal sobre “violência
doméstica”, o tipo mais
comum de violência é a
sexual (31,6%), seguida de
maus tratos físicos (27,7%),
negligência (24%) e abuso
psicológico (15,8%). Na
maioria das vezes, o algoz é
o pai ou o padrasto.
Segundo o ISER (Instituto de
Estudos Religiosos), as
agressões contra mulheres,
cometidas pelos seus
parceiros, dobraram nos
últimos nove anos.
A maioria dos casos é de
lesão corporal. Na maioria
dos casos, mulheres entre 19
e 29 anos, agredida pelos
próprios parceiros. O que
causa tristeza é saber que
somente 15% dos homens que
agridem mulheres hoje são
punidos.
Estes dados devem levar a
uma reflexão por parte da
igreja e seus líderes. Um
outro caminho é estar
consciente de que o problema
acontece em famílias de
nossas igrejas. Ignorar ou
achar que o problema não
existe é adotar uma postura
de omissão.
O
que podemos fazer?
1.
O primeiro caminho é, sem
dúvida, de caráter educativo.
É esta educação que a igreja
em todo o mudo está
trabalhando para ser uma
realidade dentro do Dia
da Ênfase Contra o Abuso
através de materiais
específicos. Esta educação
pode ser através de
palestras, filmes que
abordam a questão, debate,
sermão, seminários. Os
pastores podem pregar mais
sobre o assunto. Precisamos
frisar a idéia de que Deus
não nos criou para sermos
maltratados.
2.
Devemos educar nossas
crianças a se defenderem.
Não confundir
disciplina com abuso físico.
É bom dar uma perspectiva
bíblica sobre disciplina e
educação de filhos.
3.
Prover mecanismos de apoio
às vítimas.
Precisamos dizer que elas
não estão sozinhas. É
importante criar na igreja
uma atmosfera de confiança e
segurança: um refúgio
seguro.
4.
Desenvolver programas de
apoio às vítimas.
Famílias podem ser
cadastradas como
fonte de ajuda a estas
vítimas.
5.
Aconselhamento pastoral às
vítimas. As
igrejas podem pensar numa
capacitação contínua dos
seus líderes neste sentido
ou criar um departamento de
aconselhamento cristão que
muito pode contribuir para a
cura emocional dessas
pessoas.
O assunto é difícil, mas, é
preciso romper o silêncio,
acima de tudo com uma
proposta bíblica onde o
amor, compreensão, apoio,
ajuda e confrontação sejam
elevados de forma clara e
relevante.
Se como igreja queremos
fazer a diferença temos que
encarar esta realidade.
Muitas vezes cultivamos uma
visão romântica da família,
como se esses problemas não
acontecem. A realidade
familiar, às vezes é cruel e
dolorida.
São para esses e outros
tipos de problemas
familiares que devemos ser
mensageiros da graça de
Cristo.
Nosso desejo é que as
igrejas e instituições se
transformem em espaço de
reflexão e ação no
desenvolvimento de programas
que apóiam a luta contra a
violência e o abuso sexual,
uma das mais importantes e
urgentes responsabilidades
sociais que temos.
Endereços úteis
• Conselho Tutelar da sua
cidade.
• ABRAPIA – Associação
Brasileira de Proteção a
Infância e Adolescência
www.abrapia.org.br
• CECRIA www.cecria.org.br
• CRAMI www.crami.org.br
• Centro de Defesa da
Criança e do Adolescente (cedecatdi@uol.org.br)
• CLAVES – Centro Latino
Americano de Estudos Sobre a
Violência (021) 290 48 93
• SOS Criança -
www.andi.org.br
• Departamento da Criança e
do Adolescente do Ministério
da Justiça (Olga Câmara)
• (061) 218 32 25 – Brasília
• Fórum DCA (forumdca@brturbo.com)
• Banco de Projetos Sociais
•
www.andi.orgbr/banco/index.html
• Delegacia da Defesa da
Mulher da cidade. |