Segundo Josep Maria Puig, a
educação moral é uma tarefa
destinada a dar forma moral
à própria identidade humana
por meio de um trabalho de
reflexão e ação que parte
das circunstancias que cada
sujeito encontra no seu dia
a dia. A educação da
moralidade é um elemento a
mais na idéia de educação
integral, pois essa dimensão
do ser humano constitui-se
uma faceta da personalidade
tanto quanto a intelectual,
a corporal, a afetiva e a
artística. A dimensão moral
possui certa superioridade
sobre as demais, pois é ela
que dá sentido e direção ao
ser humano como um todo".
A moralidade está
intrinsecamente relacionada
com a necessidade que todos
os seres humanos possuem de
se relacionar com os demais
e com uma característica
tipicamente humana que é o
inacabamento ou
indeterminismo. Por
constituir-se um ser
inacabado e indeterminado
que não está pronto e cujo
desenvolvimento não é
determinado biologicamente,
o ser humano depara-se com a
necessidade de decidir
reflexivamente o que fazer
com tal abertura. Deve,
portanto decidir sobre a
maneira pela qual irá
construir a sua própria
"biografia", agindo de forma
responsável sobre as
circunstancias na qual está
inserido.
A teoria da construção da
personalidade moral postula
que a educação da moral não
é apenas um meio de
adaptação social, nem
somente a aquisição de
hábitos virtuosos, assim
como também não se restringe
ao desenvolvimento do juízo
moral ou ao descobrimento
dos próprios valores morais.
Pelo contrario, é uma tarefa
complexa da qual participam
companheiros e adultos e que
tem o objetivo de auxiliar o
individuo a integrar-se de
maneira crítica ao seu meio
sócio-cultual. É "um
processo de elaboração de
formas de vida e de maneiras
de ser que não são dadas
totalmente de antemão nem
aparecem graças ao
amadurecimento de
disposições prévias, mas que
também não surgem por acaso
".
Os elementos que contribuem
para a construção da
personalidade moral, segundo
Puig são: meios de
experiência moral, problemas
sócio-morais e recursos
morais individuais.
Os meios de experiência
moral constituem-se de:
metas, possibilidades de
comportamento, formas de
relação e regulação, guias
de valor e dispositivos
físicos e organizativos. Os
recursos morais individuais
são os procedimentos de
consciência moral e os guias
de valor. A problematização
dos conflitos é
indispensável para a
formação moral.
Diante da crise moral na
sociedade e do fracasso do
sistema educacional
brasileiro é possível
perceber que as escolas de
modo geral não demonstram
clareza quanto ao seu papel
como meio de experiência
moral. As escolas de
educação por princípios, por
sua vez, têm primado por
esta função, embora nem
sempre saibam qual a melhor
maneira para abordar a
questão. A escola é, ao lado
da família, o principal meio
de experiência moral, por
isso, é necessária a
conscientização de que todas
as práticas formais e
informais que ocorrem na
escola devem ser analisadas
dentro da perspectiva da
construção da personalidade
moral dos educandos.
Todos os envolvidos
(mantenedores, professores,
funcionários da área
administrativa, pais, alunos
etc) devem ter clareza sobre
quais são as metas da
instituição: (por quê e para
quê a escola existe? Os
"guias de valor" (princípios
bíblicos) precisam ser
reconhecidos continuamente
como referenciais diante dos
conflitos de ordem moral. As
possibilidades de
comportamento (os
comportamentos exigidos e os
permitidos) precisam ser
considerados à luz das metas
e dos guias de valor.
Finalmente, os dispositivos
físicos e organizativos
(espaço físico, material,
rotinas, técnicas e
estratégias de
ensino-aprendizagem bem como
de avaliação) precisam
refletir a coerência entre
as demais partes da
estrutura do meio de
experiência moral que é a
escola. Os conflitos que
surgem naturalmente em todo
contexto humano devem ser
problematizados e iluminados
pelo conhecimento das metas
e dos guias de valor,
auxiliando o educando a
tomar decisões com base no
conhecimento e não a
submeter-se externamente,
seja por medo da punição ou
por simples desejo de
agradar aos demais. Agir de
acordo com uma consciência
moral autônoma não significa
agir com base nas próprias
concepções de certo ou
errado, mas com base no que
foi internalizado como certo
e errado independentemente
da presença ou ausência de
quaisquer pessoas ou
circunstancias, elogios ou
proibições. Significa
capacidade de domínio
próprio, de segurança quanto
aos valores que norteiam sua
existência e tudo o que nela
está envolvido.
BIBLIOGRAFIA
●
BRONFEMBREMER, Ulrik. A
ecologia do desenvolvimento
humano: experimentos
naturais e planejados. Porto
Alegre, Artes Médicas, 1996.IG,
Josep Maria. A construção da
personalidade moral. São
Paulo.
●
VYGOTSKY, L.S. A Formação
Social da Mente. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
Inez Augusto Borges
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